O IDEC e a Aliança reprovam a lupa como alerta em embalagens de alimentos. Ela não é o melhor modelo de informação.
Veja porque não aprovamos o alerta em forma de lupa.
O modelo da lupa aprovado pela Anvisa para estampar a parte frontal das embalagens é completamente diferente do modelo de lupa que a Anvisa defendia na consulta pública de 2019. Apesar do modelo da lupa nunca ter sido o mais eficiente e claro, perdendo para o modelo dos triângulos, ele ainda possuía mais destaque e legibilidade do que o atual.
Confira o modelo proposto em 2019 e o modelo aprovado pela ANVISA.
Modelo 2019


Modelo aprovado

De acordo com Especialistas* a legibilidade e clareza do novo modelo foi prejudicada com uso de letras em corpo muito reduzido e o estreitamento do rótulo frontal.
[*LabDSI da UFPR (Laboratório de Design de Sistemas de Informação da Universidade Federal do Paraná)]
Agora veja a comparação em uma embalagem de alimento, entre o modelo de lupa antigo e o atual.


Um alerta que ainda esconde muito de você.
Sem justificativa, a agência aprovou um perfil muito menos rigoroso de alimentos e bebidas, que deixará muitos produtos sem o alerta no rótulo frontal.
Como exemplo, podemos citar as embalagens de biscoitos recheados. Elas deveriam apresentar a informação “alto em gordura saturada”, porém, nesse modelo, estamparão somente: “alto em açúcar adicionado”.
Vamos continuar realizando estudos e questionando os argumentos utilizados pela ANVISA para a aprovação dessa proposta. Você precisa de informações clara e completas.
Por que continuamos defendendo o uso dos triângulos nas embalagens
A EMBRAPA testou diferentes modelos de rotulagem frontal e concluiu que os triângulos ou octógonos são os mais efetivos, claros e legíveis para transmitir a mensagem de alerta, informar e ajudar os consumidores em sua tomada de decisão de compra.

Agora veja a comparação nas embalagens de produtos entre todos os modelos.



A ANVISA aprovou um modelo de alerta com menor legibilidade e clareza de informações.
Vamos continuar lutando pelos triângulos.
O prazo de adequação das embalagens também faz mal à saúde.
As empresas serão obrigadas a alterar os seus rótulos somente daqui 2 anos, chegando até 5 anos para produtos como refrigerantes com embalagem retornável.
Esse prazo não é coerente com outros processos regulatórios e nem aceitável, principalmente porque as indústrias de alimentos e bebidas participaram deste processo desde o início.
A rotulagem de alimentos é uma questão de saúde pública, pois a população tem direito de saber o que consome para poder evitar o surgimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.
Se já era importante fazer escolhas alimentares mais saudáveis antes da pandemia, imagine agora.
Com a pandemia, estamos vivendo uma sitauação única e reavaliando hábitos para proteger a nossa saúde. Diante disso, você sabia que as doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer, as doenças cardiovasculares, a obesidade e o diabetes, agravam os sintomas da covid-19?
Por isso, precisamos de informações claras e corretas nas embalagens dos alimentos ultraprocessados. Só assim vamos ter um mundo pós-covid onde as pessoas podem fazer escolhas mais conscientes e saudáveis.
Confira o histórico do processo de revisão das regras de rotulagem nutricional no Brasil.
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2014 - Formação do Grupo de Trabalho
Criação de grupo de Trabalho na Anvisa para identificar problemas e propor melhorias às atuais regras de rotulagem nutricional dos alimentos, com a participação de representantes do governo, sociedade civil, pesquisadores e setor produtivo.
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2017 - Apresentação do modelo de triângulos
Após a conclusão do Grupo de Trabalho, o Idec, juntamente com pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná), apresenta à Anvisa a proposta dos triângulos com base em análise, pesquisas científicas e experiências internacionais.
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maio de 2018 - Anvisa apoia o modelo de advertências
Anvisa publica o Relatório Preliminar de Análise de Impacto Regulatório, que afirma que o modelo de advertências (como o triângulo proposto pelo Idec) é o mais adequado para informar à população brasileira.
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maio a julho de 2018 - Tomada pública de subsídios
Anvisa realiza uma consulta pública técnica para coletar dados, informações e evidências científicas sobre os rótulos dos alimentos. A consulta conta com 3.579 participações.
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Abril de 2019 – Divulgação de Calendário
Anvisa divulga o relatório com a análise das contribuições recebidas na consulta pública técnica.
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setembro de 2019 – Abertura da consulta pública
A Anvisa divulga o texto final consolidado da norma de aprimoramento da rotulagem nutricional e apresenta para consulta pública uma nova proposta de rotulagem nutricional para que a população possa opinar e discutir sobre as informações que deverão estar presentes nas embalagens dos alimentos.
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dezembro de 2019 - Encerramento da consulta pública
Com mais de 23 mil participações, a consulta pública sobre rotulagem nutricional da Anvisa bate um recorde no número de contribuições.
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março de 2020 – Anvisa prorroga decisão final do processo, mas mantém a decisão na agenda regulatória
Com a pandemia de Covid-19, a Anvisa adia a decisão final sobre a nova norma de rotulagem nutricional para o fim de setembro de 2020.
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outubro de 2020 - Aprovação da lupa, em uma versão remodelada e menos clara.
Apesar da aprovação da rotulagem frontal, não estamos satisfeitos. Portanto, a luta por informações claras e corretas nas embalagens dos alimentos ultraprocessados continua. Só assim, as pessoas poderão fazer escolhas alimentares mais saudáveis e conscientes.
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outubro de 2025 – Prazo final para que as empresas adequem suas embalagens.

Está comprovado:
com os triângulos, 8 em cada 10 brasileiros entendem o que estão comendo.
Segundo pesquisa realizada em 2017 pelo Idec e pelo Nupens/USP, a proposta dos triângulos é a melhor solução, do ponto de vista da facilidade de entendimento. O resultado é que 80% dos entrevistados entenderam melhor a mensagem dos triângulos.

Uma questão urgente de saúde pública. Precisamos já de uma decisão.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2006 e 2016, houve um aumento de 60%* no número de pessoas diagnosticadas com diabetes no Brasil. Além disso, o excesso de peso entre adultos aumentou de 42,6% em 2006 para 55,4% em 2019. A obesidade é maior para as pessoas com até oito anos de escolaridade (24,2%) e aqueles com 12 anos ou mais (17,2%). As más escolhas alimentares são uma questão de saúde pública. Neste caso, informação clara e correta é o melhor remédio.
*Fonte:
https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46792-diabetes-hipertensao-e-obesidade-avancam-entre-os-brasileiros-2

Mas qual é o melhor modelo de rotulagem frontal?
Uma pesquisa da EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária testou os diferentes modelos de rotulagem frontal com o público brasileiro: semáforo, lupa, círculo, triângulo e octógono, pretos ou coloridos. As conclusões apontam que o uso de sinais familiares frequentemente utilizados para transmitir uma mensagem de alerta, como o octógono preto, triângulo preto e círculo vermelho, podem superar outros sinais gráficos desconhecidos na facilidade de entendimento por parte dos consumidores.
*Fonte:
https://idec.org.br/idec-na-imprensa/efetividade-das-advertencias-nos-rotulos-de-alimento
Rotulagem nutricional de advertências já é realidade.
América Latina é líder na adoção da rotulagem frontal nas embalagens.
A advertência frontal nas embalagens dos ultraprocessados já é uma realidade no Chile, México, Peru e Uruguai.
A América Latina é protagonista deste movimento, que defende que cada país adote um modelo adaptado às suas necessidades, de acordo com fatores como o grau de educação e a situação socioeconômica de suas populações.
Chile
O consumo de bebidas açucaradas já caiu 23,7% no país.
O Chile tem advertência frontal nas embalagens desde 2016.
Fonte: https://idec.org.br/noticia/taxacao-rotulagem-e-regulacao-de-publicidade-reduzem-consumo-de-bebidas-acucaradas-no-chile
Uruguai
Desde 2018, adota a advertência frontal nas embalagens.
PERU
Adotou a rotulagem frontal dos alimentos em 2019.
MEXICO
Aprovou a rotulagem frontal em 1º de outubro deste ano, baseado em estudo pioneiro que mostra que advertências nas embalagens de alimentos não saudáveis podem prevenir 1,3 milhões de casos de obesidade e economizar US$ 1,8 bilhão.